Dois assuntos dominaram a Fórmula 1 na semana passada. A rejeição à entrada da equipe Andretti na categoria e o surpreendente anúncio de Lewis Hamilton que trocará a Mercedes pela Ferrari em 2025. Ambos merecem boa reflexão.
As reações apressadas para o veto à Andretti não ponderaram o mais importante. No momento, a preocupação central dos promotores da Fórmula 1 é tornar o campeonato mais equilibrado, com forças que possam dividir as vitórias e levar a disputa para as provas finais. Acrescentar mais uma escuderia cujo maior trunfo é o nome indiscutível da família Andretti nada acrescentaria na busca de uma competição mais dura. Como se sabe, a General Motors, que seria a responsável pelo fornecimento dos motores com o logotipo da Cadillac, só poderia mesmo levar a efeito o projeto a partir de 2027 ou 2028. Exatamente quando Michael Andretti poderá fazer uma nova tentativa para tornar-se a 11ª equipe do grid, aí então com argumentos mais sólidos para demonstrar sua disposição de enfrentar as concorrentes.
É compreensível o respeito internacional que os Andretti disfrutam na história do automobilismo esportivo. História e tradição fazem parte de sua longa carreira nas pistas. A Liberty Media é americana e assim como tem investido forte nos Estados Unidos, com três corridas anuais, e dando suporte para manter o piloto americano Logan Sargeant na Williams, nada seria melhor do que receber a Andretti de braços abertos. O que ela não quer é mais um coadjuvante, um time só fazer número, no grid. Não fosse isso, o regulamento técnico não será virado do avesso a partir de 2026.
Já o impacto da contratação de Lewis Hamilton pela Ferrari tem sua razão de ser. A Casa de Maranello, mais antiga e tradicional escuderia da F1, não vence o Mundial de Pilotos desde a conquista de Kimi Raikkönen em 2007 e seu último título de Construtores foi no ano seguinte, 2008. Hamilton, que terá 40 anos em 2025, terá uma grande responsabilidade de colocar a equipe nos eixos e buscar o título (convém lembrar que, este ano, 2024, ela também virá com força, buscando resultados melhores). As experiências mais recentes que a Ferrari realizou com pilotos de ponta não atingiram a meta. Fernando Alonso (2010-2014) foi vice três vezes e Sebastian Vettel (2015-2020), vice duas vezes.
Com Hamilton na Ferrari com um contrato plurianual, substituindo Carlos Sainz Jr, a previsão é de muitas mudanças. Sainz poderia ir para a Red Bull no lugar de Sergio Perez. Ou assinar com a Audi. Toto Wolff, por sua vez, teria ainda a possibilidade de promover o italiano Andrea Antonelli, da Mercedes Jr., dependendo de sua atuação este ano no campeonato de Fórmula 2. Há muitas opções em jogo – a maioria dos contratos dos pilotos vence este ano - e, ao que parece, novos anúncios deverão acontecer ainda neste primeiro semestre.