Há 50 anos, a vitória de Pace em Interlagos.

O piloto que dá nome ao autódromo de Interlagos – José Carlos Pace, o ‘Moco’ – conquistou sua única vitória na Fórmula 1 no GP do Brasil de 1975, no dia 26 de janeiro, segunda etapa do Mundial. A corrida, disputada sob um calor infernal, marcou a primeira das 11 dobradinhas brasileiras na categoria, com Émerson Fittipaldi chegando em segundo. ‘Moco’ tinha 30 anos e morreria dois anos depois em um acidente aéreo na região de Mairiporã.
Para vencer em Interlagos, ‘Moco’ teve de ser paciente. A Brabham não rendia bem e ele só conseguiu largar em 6º enquanto seu companheiro de equipe, Carlos Reutemann, saiu em 3º. Émerson fez péssima largada, caindo do 2º para o 6º e o francês Jean-Pierre Jarier, com Shadow-Ford, confirmou e pole e manteve a liderança. Depois de 33 voltas, a Shadow parou na curva do Sargento. Irritado, Jarier chegou a chutar o carro. Pace, que já tinha ultrapassado Reutemann era o novo líder e Émerson vinha logo atrás com a McLaren-Ford, seguido pelo alemão Jochen Mass, companheiro de Émerson. As primeiras posições não seriam mais alteradas até a bandeirada.
O público que lotou Interlagos entrou em delírio com a vitória de Pace e o segundo lugar de Émerson. Os dois foram carregados para o pódio e os fãs invadiram o paddock para celebrar a terceira vitória seguida de um piloto brasileiro em Interlagos (Émerson Fittipaldi triunfou nos GPs de 1973 e 1974).
Como Émerson tinha se aproximado muito de Pace nas duas voltas finais da corrida, chegou-se a comentar que o bicampeão mundial poderia ultrapassá-lo se a corrida tivesse mais uma volta. No dia seguinte, Émerson esclareceu: ‘Nem que a corrida tivesse mais dez voltas eu conseguiria superá-lo. O ritmo da Brabham era excelente’.
A equipe Brabham, de Bernie Ecclestone, tinha grande expectativa nas possibilidades de José Carlos Pace no Mundial, mas o modelo BT44 acabou superado pela Ferrari que conquistou os títulos de pilotos e construtores com Niki Lauda. A Brabham ficou com o vice, com um ponto a mais do que a McLaren.
O projetista Gordon Murray, que nos anos 80 fez uma bem-sucedida parceria com o piloto Nelson Piquet, responsável pelas inovações da Brabham BT44, era um dos técnicos que apostava em Pace, afirmando que ele tinha todas as condições para chegar ao título mundial.
José Carlos Pace, cujos restos mortais estão sepultados no autódromo de Interlagos desde o ano passado, além da vitória em Interlagos, cravou uma pole position e subiu ao pódio seis vezes.

O autor Castilho de Andrade
Jornalista especializado em automobilismo e diretor de imprensa do Fórmula 1 Grande Prêmio de São Paulo.